Notícias

30/03/2017 10h00
Governo volta a cobrar tributos de empresas para fugir de “novos” impostos

Após mais de uma semana fazendo cálculos para tentar cobrir um rombo de 58,2 bilhões de reais no Orçamento deste ano sem ter que aumentar impostos, o Governo decidiu acabar com a desoneração da folha de pagamento de quase todos os setores da economia e também cortar 42,1 bilhões de despesas públicas. As medidas foram divulgadas em coletiva de imprensa, na noite desta quarta-feira (29), pelos ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e do Planejamento, Dyogo Oliveira.

Segundo Meirelles, a expectativa é de uma arrecadação de cerca de 4,8 bilhões de reais com a volta da cobrança de tributos sobre a folha de pagamentos das empresas de quase todas as atividades econômicas. As exceções foram apenas para setores considerados de alta geração de mão-de-obra, onde o ministro avaliou que a desoneração faz efeito. São eles: construção civil e obras de infraestrutura, transporte rodoviário (urbano ou interurbano), metroviário e ferroviário coletivo de passageiros e empresas de comunicação.

O fim da maioria das desonerações, que virá por meio de uma medida provisória, só passará a valer, entretanto, a partir de julho, por causa da regra que determina que qualquer alta de contribuição só pode entrar em vigor 90 dias após a publicação da lei no Diário Oficial da União.

Segundo o ministro, a medida corrige distorções e acaba com um programa que ele considerou mal sucedido. “Ela não é considerada de fato um aumento de impostos. É a eliminação de uma opção adotada pelo governo anterior e que não funcionou. Não é um aumento de impostos”, afirmou Meirelles.

O programa de desoneração foi lançado em 2011, pela então presidenta Dilma Rousseff, e visava estimular a competitividade das empresas brasileiras. A partir dele, empresas de mais de 50 setores puderam substituir a tradicional cobrança de 20% de contribuição previdenciária sobre a folha de salários por uma porcentagem (1,5% a 4,5%, segundo cada setor) do faturamento da companhia.

(El País)