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13/07/2015 10h25
Presidente do SEDERSP concede entrevista para o jornal Diário do Grande ABC

Veja reportagem publicada neste domingo, 12, pelo jornal Diário do Grande ABC sobre o grave problema de uso do cortante nas pipas. Entre os entrevistados está o presidente do SEDERSP, Fernando Souza, que destaca a falta de fiscalização do poder público nesse combate.

Linha de pipa com cerol é ameaça a motociclistas

O período de férias escolares, somado com a presença de vento forte, é combinação perfeita para uma das mais tradicionais brincadeiras infantis: empinar pipa. A presença dos objetos feitos com papel de seda coloridos, sustentados por pequenas varas e rabiolas no céu alerta para o risco de acidentes graves, tendo em vista a manutenção de prática proibida, mas infelizmente ainda comum, de se utilizar material cortante na linha.

O produto feito a partir da mistura de caco de vidro moído com cola é utilizado para potencializar as disputas entre pipas no céu. O problema é que a linha cortante pode ser comparada a uma arma branca, responsável por cortes graves, geralmente em motociclistas e pedestre na região da face e pescoço, tendo em vista a altura do indivíduo em relação ao objeto, e até mortes.

O presidente do Sedersp (Sindicato das Empresas de Distribuição de Entregas Rápidas do Estado de São Paulo), Fernando Souza, acredita que o maior problema observado atualmente em relação ao tema é a falta de fiscalização por parte do poder público. Com isso, o sindicato enfatiza junto aos motociclistas a importância do uso de antena de proteção na motocicleta por todos, embora o item seja obrigatório apenas para aqueles que utilizam o meio de transporte como instrumento de trabalho (Resolução 356 do Contran e lei 12.009 de 2009).

Segundo Souza, na região, a incidência de linhas de pipa nas vias é maior em Diadema e São Bernardo, principalmente no entorno da Via Anchieta. “Estamos falando de uma linha fina e imperceptível, ainda mais em velocidade. Já tivemos casos de um dos nossos diretores, inclusive, que quase perdeu a visão em acidente com o cortante”, observa.

O especialista em Direito penal da Faculdade de Direito de São Bernardo, professor Vladimir Balico, acredita que sanções penais mais rigorosas nos casos de acidente e a aplicação de multa para quem utilizar o cerol poderia inibir a prática. “Estamos no que chamamos de limbo jurídico. Não existe tipificação penal para o uso do cortante, então a pessoa vai responder apenas pelos danos causados em caso de machucar alguém, geralmente por lesão corporal culposa (quando não há intenção de matar), mesmo que o indivíduo tenha assumido o risco de atingir alguém”, diz.

De acordo com a AES Eletropaulo, foram registrados dois acidentes em decorrência de imprudência durante a prática de soltar pipa neste ano nos 24 municípios paulistas que estão em sua área de concessão na Região Metropolitana e Baixada Santista. Em 2014, no entanto, quatro das 11 ocorrências observadas foram fatais. Um ano antes, duas pessoas morreram e outras dez ficaram feridas.

Para orientar a população sobre os riscos com a rede elétrica, inclusive com pipas, a Eletropaulo realiza as chamadas Blitz de Segurança. A dica da concessionária é que a brincadeira aconteça sempre em locais abertos e distantes da fiação. Segundo Marcelo Puertas, diretor de segurança e meio ambiente da empresa, “nunca se deve retirar pipas dos fios de energia.”