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14/04/2015 10h35
Policiais, médicos e empresários são presos por fraude em DPVAT

A investigação da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público que desencadeou a Operação Tempo de Despertar, de combate a fraudes no DPVAT, resultou em 40 presos nesta segunda-feira, 13, em Minas Gerais, Bahia e Rio de Janeiro. Entre os detidos, estão 10 agentes e um delegado da Polícia Civil, um policial militar, oito advogados, três médicos, dois fisioterapeutas e 15 empresários, além da participação de membros da seguradora Líder – administradora do benefício, segundo os investigadores.

De acordo com as investigações, que duraram um ano, o grupo criminoso agia de várias formas. Em alguns casos, as ações para requisitar o benefício eram embasadas por documentos falsos e ajuizadas em várias comarcas sem consentimento das vítimas de acidentes. A seguradora também pagava a indenização em valores superiores antes que fosse firmado um acordo com as partes.

Segundo matéria publicada no Portal G1, em outros casos, a seguradora concedia o DVPAT mesmo depois da Justiça ter negado o pedido, por verificar indício de fraude, ou o pagamento era feito sem que houvesse um parecer médico que comprovasse as lesões sofridas ou laudo médico do IML, em casos de morte. Chegaram a ser descobertos, inclusive, casos em que o seguro foi concedido em situações que não envolviam acidentes de trânsito.

De acordo com a PF e o MP, os grupos tinham informações privilegiadas, já que podiam acessar as listas de pacientes que davam entrada em hospitais e podiam contar com a participação de policiais que repassavam os dados de possíveis vítimas e confeccionavam boletins de ocorrência falsos.

A partir disto, os profissionais de saúde emitiam laudos falsos, os advogados acionavam a Justiça e o benefício era concedido. O processo era acompanhado por pessoas diretamente ligadas à seguradora Líder e por empresários. O dinheiro arrecadado era distribuído entre todos os envolvidos.

Acidentados

Ainda de acordo com a PF, alguns dos acidentados eram abordados em casa, outros chegavam a assinar procurações dentro das unidades de saúde em cima de macas.

Em alguns casos, a Justiça era acionada sem que as vítimas tivessem conhecimento. Em outros, havia orientação para que pessoas que se machucaram de diversas formas – em brigas de bar, partidas de futebol, discussões com os companheiros, acidentes domésticos – requeressem o DPVAT.

Para o delegado Marcelo de Freitas, as fraudes ocorrem em função da fragilidade do sistema e também devido à ação de núcleos que lucram com a concessão indevida do seguro.

“Acreditamos que neste momento estamos começamos a tangenciar no coração do núcleo empresarial das fraudes ao seguro, patrocinadas por aquele que, efetivamente, administra o DPVAT em todo o território nacional. Não temos dúvidas de que somente com a atuação omissiva da principal seguradora que atua no ramo é que as fraudes estão ocorrendo”, afirmou Freitas.

O que dizem os envolvidos

De acordo com a publicação no Portal G1, a seguradora Líder disse que os envolvidos não integram os quadros da empresa. Já os representantes das Polícia Civil, Militar e da Ordem dos Advogados do Brasil estiveram na coletiva e destacaram que irão acompanhar as investigações e não são coniventes com atos ilícitos.

(As informações são do Portal G1)