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09/04/2015 11h50
Deputados aprovam regulamentação das terceirizações

A aprovação na noite de ontem (8), pela Câmara, do texto principal do projeto de lei que regulamenta os contratos de terceirização no setor privado e em empresas públicas, de economia mista, suas subsidiárias e controladas pela União, pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios, dividiu os maiores partidos da base governista. Os petistas foram os que mais criticaram a regulamentação, enquanto os peemedebistas foram os que mais apoiaram a aprovação da proposta. Foram 324 votos a favor, 137 contra e 2 abstenções.

Acordo entre as lideranças partidárias e o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), adiou para terça-feira (14) a votação das emendas e dos destaques que visam a modificar o texto aprovado. O acordo permitiu que os deputados apresentem as emendas e os destaques até as 14h de terça-feira, quando será retomada a votação. Nesse período, o governo e os contrários ao texto poderão trabalhar para modificar dispositivos da proposta nas votações.

O texto, relatado pelo deputado Arthur Oliveira Maia (SSD-BA), manteve a possibilidade de a terceirização se dar em toda e qualquer atividade da empresa. O dispositivo é um dos pontos mais polêmicos, uma vez que, na visão dos contrários ao projeto, isso levará à precarização dos direitos trabalhistas e dos salários. Os opositores à medida vão tentar retirá-la do texto nas votações de emendas e destaques.

Para o relator Arthur Oliveira Maia, a aprovação do projeto foi uma vitória do Legislativo e dos trabalhadores. “Nós conseguimos garantir os direitos e dar segurança jurídica a cerca de 12,5 milhões de trabalhadores que nunca tiveram uma lei que lhes assegurassem os direitos trabalhistas. Esta lei é inclusiva", observou o relator. Ele disse que hoje não existe uma fiscalização nas terceirizações, o que prejudica os trabalhadores, mas que com a nova lei haverá essa prática.

Já o deputado Alessandro Molon (PT-RJ), que recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a votação por entender que ela é inconstitucional, disse que esse dia foi extremamente triste para o parlamento e para os trabalhadores brasileiros. “Os trabalhadores foram apunhalados pelas costas na Câmara, com a retirada de direitos que levaram décadas para serem conquistados e que foram perdidos em uma votação”. Segundo ele, hoje são 45 milhões de trabalhadores com carteira assinada e desses, 33 milhões empregados diretos e 12 milhões terceirizados. “O que vai acontecer nos próximos anos é a inversão desses números”.

Para o deputado Eduardo Cunha, não houve qualquer vício de inconstitucionalidade na votação. Segundo ele, o argumento dos deputados do PT, que recorreram ao STF contra a votação, não vai encontrar amparo legal. Cunha não acredita que haverá grandes mudanças durante as votações de emendas e destaques no texto aprovado nesta quarta-feira. Segundo ele, as modificações devem ser pequenas até pelo comportamento do plenário nas votações.

“Acho que o plenário já configurou posição sobre isso [projeto]. Obviamente, um ou outro destaque de detalhe deverá ser acolhido e, certamente, aquilo que mexe no cerne do projeto, que é a discussão de atividade meio e atividade fim, não vejo a menor possibilidade de passar no plenário”, avaliou.

(Fonte: Agência Brasil – Imagem: Marcelo Camargo/AB)